Sem poesia, a vida seria a morte.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Eu não sabia que poderia ter sido namorada do Manoel de Barros..ia ser mesmo amorável.

"Eu tive uma namorada que via errado. O que ela
via não era uma garça na beira do rio. O que ela
via era um rio na beira de uma garça. Ela despraticava
as normas. Dizia que seu avesso era mais visível
do que um poste. Com ela as coisas tinham que mudar
de comportamento. Aliás, a moça me contou uma vez
que tinha encontros diários com suas contradições.
Acho que essa freqüência nos desencontros ajudava
o seu ver oblíquo. Falou por acréscimo que ela
não contemplava as paisagens. Que eram as paisagens
que a contemplavam. Chegou de ir no oculista. Não
era um defeito físico falou o diagnóstico. Induziu
que poderia ser uma disfunção da alma. Mas ela
falou que a ciência não tem lógica. Porque viver
não tem lógica – como diria nossa Lispector.
Veja isto: Rimbaud botou a beleza nos olhos e
viu que a beleza é amarga. Tem Lógica? Também ela
quis trocar por duas andorinhas os urubus que
avoavam no Ocaso de seu avô. O Ocaso do seu avô
tinha virado uma praga de urubu. Ela queria trocar
porque as andorinhas eram amoráveis e os urubus
eram carniceiros. Ela não tinha certeza se essa
troca podia ser feita. O pai falou que verbalmente
podia. Que era só despraticar as normas. Achei certo."


Um Olhar - Manoel de Barros

domingo, 26 de fevereiro de 2012


Meu tempo passa.
Sofro ainda de ter a pele pálida, carecendo de um pouco de leite para a maciez destes vales e calvários a que chamam rugas..
Padeço dessa realidade torta, criada, inventada de doces delírios e sonhos fugazes.
Ando a espreita desse amor de demora, que me toma a alma e o peito cheio de ar..
Peço paciência de estar paciente nesses dias mornos de tardes sem fim, sem começos..
mas que chegam no fim, nas noites em que a lua me fita e me admira no tanto de paz que ainda consigo transbordar apesar dos anos todos de abandono..Choro o choro brando daqueles que choraram pedindo lágrimas invisíveis. E as tenho..sim eu as tenho todas..abençoada pelo escuro da morte, que ninguém veja minha dor.

Olho através da espera desse futuro que escorre entre os dedos.. peço a Deus que ainda me traga dores amáveis, medos curáveis e uma certa alegria sadia.

Peço pouco, mas tudo, por favor.

CQ

sábado, 25 de fevereiro de 2012


Notícias ao meu coração no exílo do teu peito:

Assim vai a vida, mais leve assim.
Doce, finita e eterna.
Amo-te.

CQ


E o sábado se vai como um sonho.
Vestido de véspera, quase realizado.

CQ

Foto: Philip Toledano

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Verdades (in)absolutas.

Aqui se faz, aqui se paga.
Aqui se dá, aqui se pede.
Num outro tempo, se recebe.
Nunca é tempo demais.
Sempre é quase um instante.
Não é possível perder o que te pertence.
Eu um dia desisto.

CQ

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Não quero faca, nem queijo. 
Quero a fome.


Adelia Prado (a que me inspira viver)
Uma alma a salvo, salva muito mais do que uma alma.
Paz, a todos que têm alma de boa vontade. 


CQ

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


Breves definições

Preguiça? Um restinho de sono no fundo da cama..
Chorinho? Um restinho de suco no fundo do copo..
Melancolia? Um restinho de dor no fundo do poço..
Saudade? Um restinho de amor no fundo do coração.

CQ

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Há de sempre aliviar a dor dessas almas que sofrem um excesso de poesia.
Padeço de uma dor que também me cura quando sinto que o que me abre
é meu coração que voltou ao peito.

E sofrer dessa dor um tanto , alivia esse peso
de ser feliz tão constantemente. 


CQ

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012


Todas as palavras aqui escritas resumem-se num estado sempre atual que eu chamo de "estou sendo".
Clarice L.

e eu? Estou sendo..
C. Quintana