Sem poesia, a vida seria a morte.


sábado, 29 de outubro de 2011

musicaterapia



Uma música e suas partes..ritmo, melodia, som, harmonia. Poesia.

ritmo que estrutura um tempo que não passa..
melodia que conecta uma emoção que não cessa..
som que traz harmonia para a dor que não fala..
Poesia que canta o que me conta..o que mais me conta.
Música cura, me sara, nem que seja por uns breves três minutos e meio.

Na versão mais bonita, Legião, 1994, Rio - Platéia Livre


http://www.youtube.com/watch?v=9uIHERIjcEQ


‎...Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
... mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom a que chamamos aurora.

Se Carlos Drummond de Andrade não tivesse escrito essa pérola, Marco Vox o faria.

Foto: Aurora - Claudia Quintana

terça-feira, 25 de outubro de 2011



"Aí está ele, o mar, o mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.




Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões..


Ela olha o mar, é o que se pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra."



Clarice, a Lispector
A que há de vir

Aquela que dormirá comigo todas as luas
É a desejada de minha alma.
Ela me dará o amor do seu coração
E me dará o amor da sua carne.
Ela abandonará pai, mãe, filho, esposo
E virá a mim com os peitos e virá a mim com os lábios
Ela é a querida da minha alma
Que me fará longos carinhos nos olhos
Que me beijará longos beijos nos ouvidos
Que rirá no meu pranto e rirá no meu riso.
Ela só verá minhas alegrias e minhas tristezas
Temerá minha cólera e se aninhará no meu sossego
Ela abandonará filho e esposo
Abandonará o mundo e o prazer do mundo
Abandonará Deus e a Igreja de Deus
E virá a mim me olhando de olhos claros
Se oferecendo à minha posse
Rasgando o véu da nudez sem falso pudor
Cheia de uma pureza luminosa.
Ela é a amada sempre nova do meu coração
Ela ficará me olhando calada
Que ela só crerá em mim
Far-me-á a razão suprema das coisas.
Ela é a amada da minha alma triste
É a que dará o peito casto
Onde os meus lábios pousados viverão a vida do seu coração
Ela é a minha poesia e a minha mocidade
É a mulher que se guardou para o amado de sua alma
Que ela sentia vir porque ia ser dela e ela dele.
Ela é o amor vivendo de si mesmo.
É a que dormirá comigo todas as luas
E a quem eu protegerei contra os males do mundo.
Ela é a anunciada da minha poesia
Que eu sinto vindo a mim com os lábios e com os peitos
E que será minha, só minha, como a força é do forte e a poesia é do poeta.

Rio de Janeiro, 1933
Vinicius de Moraes

Eu me entreguei, mas me devolveram. CQ

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O que escrevo na poesia é o que se esconde atrás da minha alma. Escrevo para reencarnar a minha palavra.

CQ

domingo, 23 de outubro de 2011

Das bocas que já experimentei, a única que tem beijo é a tua.

CQ
‎-Vai?
-Sim.
-Como ela sabe?
-Eu estou sempre certa.
(depois da expiração, inspiração. E tudo recomeça de onde começou)

A moça da poesia está sempre certa.

CQ em Poesia de sonhos.
E sempre que estou desanimada, ponho em mim o Imprevisto. Me dá sorte.


Clarice, a Lispector.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011



Não te doas do meu silêncio:
Estou cansado de todas as palavras.
Não sabes que te amo?
Pousa a mão na minha testa:
Captarás numa palpitação inefável
O sentido da única palavra essencial - Amor.

Manuel Bandeira


Foto: Ricardo Cordeiro

domingo, 16 de outubro de 2011

E o domingo se vai numa nota
dó menor.

CQ
O que parece o fim, num retiro, voltará em recomeço.
Livre e em Paz.

em mim adormecem tuas palavras invertebradas
de um triste e frágil silêncio.

CQ

sábado, 15 de outubro de 2011

Vive o mundo

Chega a morte e leva o mundo

Vive a vida

Chega a morte e não leva nada

Deixa a paz.

Vivendo a morte.

Descansei-me.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011


Sem(ana)


Saudade insuportável

Chuva que caminha

Medo delicado

Quatro dias insones

Cem dores

Uma certeza

Sem fomes

Três quilos mais leve

Implosão criativa

Reverso seu tempo

Parindo órfãos versos

Eu? do avesso

Hoje ruínas.

O mundo?

Girando. Muito rápido.


CQ


(foto: Cartier Bresson)


Sexta. Um dia desenganado, que não passa de hoje.
CQ

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

E a quinta vai indo se afogando em águas.

Fico aqui olhando a chuva do dia,
nesse escafandro de carne osso. CQ

Foto: Henri Cartier Bresson, editada


Esperando amanhecer um amor feito de dias.


CQ



Feriado



Terça com jeito de sexta, quarta que era um domingo, quinta vestida de segunda..dias com dupla personalidade me deixam confusa.



Triste com cara de que está tudo bem. CQ

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dia longo. Minimamente percebido,
sem movimento, sem som.

Dia esfinge com sua pergunta imóvel.
Emerge do meu templo,
no seu
tempo. CQ

Feliz Bolo de Chocolate

uma quarta rasa de farinha
duas noites de açucar
deixe em chocolate enquanto o coracão se aquece
e acrescente
um sorriso e mais um..

Nos meus olhos tem o fermento que te faz crescer
Na colher de pau tem mais de amor
e no restinho na tijela de chocolate tem a alegria que me ocupou,
depois que você nasceu de mim. CQ
Tua voz é como o vento
que abre minhas janelas,
e voa minha dor.

Uma brisa nessa alma de mar,
tão cheia e tão vazia
de medo..de amor. CQ