Sem poesia, a vida seria a morte.


domingo, 6 de março de 2011

Hoje vou ficar quieta, encistada e vou vasculhar meus cantos escuros em busca de relíquias e rendas, umas porcelanas muito finas, papéis guardados, cristais díspares e o brilho dos teus olhos. Vou lembrar da tua cabeça descansando sobre meu ventre e do silêncio que pousava em teus cabelos úmidos. E vou lembrar mais uma vez. E outra. E vou sentir o peso do teu desamparo e da tua entrega e a felicidade sem arabescos, a felicidade branca dos lençóis emaranhados e a mudez embargada da minha voz. E vou lembrar mais uma vez. E outra. E vou esquecer e depois vou relembrar como se há muito tivesse esquecido e vai parecer que encontrei uma jóia atrás da estante. E vou ter meus olhos estrelados como tive naquele dia e vou fechá-los para encerrar em mim teu segredo de fraqueza. Guardarei secretamente comigo o quanto ali me amaste.

Patricia Antoniete

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